Linha partida

No bojo da caverna
Respira-se pólen de universo
E nos rios subterrâneos
Vendavais dos tempos.
No estorvo do caminho
O vulcão da paisagem,
Com traços ofegantes
De cavalo selvagem,
Escorre pelas gargantas
Afiadas de vento.
Mina de água submersa,
Cristal de todos os dias,
Enche o alforge
Pendurado no bordão,
No caminho de destinos.
E a prece,
Na sombra do Verão,
Acrescenta o milagre
Às páginas de céu
Inscritas no traço
De estrelas candentes.
No lugar da linha partida,
Do jogo frente ao acaso,
Sobra um sonho de amar
Encapelado de nuvens,
De riso ermo e de glória.

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