Trajectórias

Trajectórias de memórias no areal
Sombras de destinos
Em uníssono velejar de odisseias,
Dos troncos de árvores comuns
Enraizadas nas letras destes versos.

Estes caminhos dão para o poente
Onde tudo termina
No fim da tarde
Da face batida
Pelo resumo do dia
Acorrentada à silhueta da maresia.

Só existe o plano cósmico
Onde se descrevem volúpias,
Na força do verbo construir
Nas mãos do verbo plantar
E nos versos soltos
Da genética de qualquer raiz
Perpendicular ao vento.

Também há trajectórias de Abril
Na definição de espingardas em flor
Que são agora sentinelas
Nas guaritas da democracia
Onde pousam
Na obliquidade da palavra
E no granítico marulhar
Todos os sóis e poucos luares.

E os caminhantes dos caminhos
Vendem, por assim dizer,
Um bordão de acariciar veredas
Uma sacola pendurada na fome
E uma cabaça de penetrar sedes.

São caminhos híbridos
Amassados de poeira, fome e sede,
Trajectórias de ficção
Baluartes despidos
Na servidão das bocas
Em romaria às portas de arraiais.

E assim caminho memórias
No reflexo do jogo da idade,
Catapulto “águas passadas”
Para o fingimento de uma tarde.

Caminho, percurso que se faz,
Todo ele tarde que morre
Nos braços do vento,
Todo ele imaterial,
Só memória dos passos,
Só alma das gentes,
Acento circunflexo
No falar das galáxias.