A carta

Silhueta de palavras, a carta.
Registo de ausência, perpendicular
À paixão, por quem resta amar,
Em manhã de neblina farta.

Soletrada de veste estrelar
Que o crepúsculo leve aparta
Na última vez, que foi a quarta,
No modo inebriante de dançar.

Horizontal ao sonho, madrugada perto,
Soam passos na sombra do relento
Quando de ti procuro mais alento

E sílabas juntas, oásis de deserto,
Memórias de ecos de tempo incerto,
Mergulhadas no pensamento.

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